quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Xilocaína Para a Alma (Ou A Síndrome de Klüver-Bucy)

     Não falarei sobre seres humanos. São pútridos, soda cáustica, superestimados, virulentos. Não falarei sobre amor. É pútrido, latrina fétida, superestimado, barbitúrico. Superestimado? Deveras superestimado. Aliás, das verdades absolutas o amor é a maior mentira. O amor e elétrons. A tristeza, essa sim, é uma tempestade cerebral intermitente que aflige o lobo frontal dos medíocres. Medíocres somos nós, homo sapiens sapiens. Somos a piada mais ácida, patética e risível do Multiverso. Para que importar-se com um gerador de improbabilidades qualquer se no final de tudo o homem é um nada? Uma ínfima craca. Nematódeos parasitas. Sugam recursos de um planeta que também é um nada, parte de um sistema igualmente medíocre súdito de uma estrela medíocre. Diplomas, Cerveja, Paixões platônicas (não há Platão, muito menos tesão), Marx, Schoppenhauer, Hambúrgueres gordurosos do Eddie, mais Paixões platônicas, Varíola, Acidentes Vasculares Cerebrais... Detalhes absurdamente quânticos se comparados ao infinito finito. Homens, nós, a craca, somos bolhas em expansão, dentro de bolhas expansão que por sua vez também estão contidas em bolhas em expansão. Tudo irá explodir. Para que se preocupar? Eu sou uma sujeira nos pés da antimatéria. Não há dispersão elástica, apenas aniquilação. Escolher morte, escolher vida, para que? Tudo é igual. Não sou niilista, não há niilismo. Não sou libertário, não há libertarianismo. Não sou humano, não há humanismo. Sou átomo (ou coisa menor) prestes a detonar, mas sou feliz. Ei, espere, eu sou feliz. Retiro então tudo o que escrevi, todas estas merdas. Sou contraditório. Porque a contradição é uma dádiva, é beleza sem par, é reverberante. Assim como o Multiverso, os diplomas, o amor e você.

Alan Smithee

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