quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Ultrarromântico

Ann Marie

Enquanto ouço suspiros cansados
de palavras longas e dementes
tento, com esforço veemente
descobrir o que ainda me mantêm aqui.

Me submeti a extremos impuros
o possível fiz pra afastar a dor de mim
mas no meu pesadelo mais escuro
ela parece nunca ter fim .

Busquei de todas as maneiras fúteis
em todas as substâncias inúteis
um paraíso artificial
procurei,de forma banal
preencher um ser que já não mais se enche

É um caminho solitário
o que escolhi
mas a muito meu coração congelou
e meu corpo jaz aqui .

Nessa fase de constante falta de sorte
ninguém me parece mais tentadora que você - morte
na penúria da minha solidão
quero fazer tua morada meu coração

Nas horas sombrias da noite
me deito ao som de açoites
rezando pra não mais acordar
esperando você chegar

Meu interior é tão vazio
desconfio que já morri
desconheço tudo que vivi
nada mais me prende aqui

Sinto falta de quem fui
o que eu era, não é o que eu sou
perdi minha alma
no dia em que você me deixou

Não há mais razão pra lutar
em uma guerra onde já se perdeu
a batalha-mor
impotência, não há nada pior

O dia se tornou agonia
chorar por coisas que antes se ria
e a noite , a companheira
que espera comigo a doce hora derradeira

É uma face e ossos vazios
de uma virgem que não vê
mais sentido no próprio viver
por isso vem tranquila
não direi não a você

Já não tenho mais vontade de lutar
já desisti de amar
e por isso , nada alimenta meu ser
só a morte garante o término da agonia de viver

Pra que contar mentirar ternas
sobre um sentimento que desvirginou meu coração ?
Só quem já morreu na fogueira
sabe o que é ser carvão .

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